O que faz esse frêmito de ser,
sabendo-se um ser tão difícil em si mesmo?
Imprudente no amor, esse ser cansado!
Ineficaz no cotidiano desses tempos de cólera!
Para se ter é preciso conquistar,
tornando-se engano nesse ato de posse, presumido.
… que nunca foi posse, só machismo!
Nunca se equacionou em si mesmo, esse sentimento!
Enganamo-nos!
Na ilusão de que resta a vida, desmedida em descalabro.
Vivemos mecanicamente, repetindo tudo insistentemente!
Quanto tédio!
Conflituosamente, não nos despojamos, por fim!
Somos as repetições de todas as repetições.
Secularmente inertes, embora recheadas de equívocos…
Incapazes de sermos normais nessas lutas, nesses desencontros.
O que faz esse frêmito de ser?
Se um ser é tão difícil em si mesmo?
Se no embate desses amores sucumbimos?
