Essa vida, esses tempos!

Não quero esse tempo, esse tempo maldito,

que teima em correr, deixando-me cicatrizes,

cúmplice desse desamparo, desse ocaso.

Não quero que a vida de carícias impraticáveis,

me transporte para um abismo, para águas turvas.

Quero que a vida se torne espontânea e natural,

desabrochando em mim essa primavera febril,

onde haja alegria e o resplandecer dessas tardes,

das moças nas janelas, das crianças nos parques,

das mulheres risonhas cingindo tantas vidas.

Só quero, esse tempo cintilante, sem abrigo, esse afago,

nessas manhãs de campos abertos e contagiantes.

Entre sonhos e desejos rever docemente essa morada,

sem perplexidade, com os ventos nas copas desse jardim,

sem medo, reconstruir meus amores, sem tropeços.

Nessa vida que me resta, ousar, nesses dias reticentes!

Só quero cantar todos os amores que me resta entre poesias,

Na comunhão desses dias, amar outra vez, conceder!

Quero amores, todos os amores que essa vida me oferta.

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