Abstração

Perdoe-me essa paixão, perdoe-me!

Sou este corpo que se inflama, que se consome,

entre teus afagos, destituído da presença do teu olhar.

Não sou mais que esse homem desolado, entre reticências.

É só magia esse amor sentido, que me penetrada,

que entranha minha pele, desatando meus sentidos,

nesse caminho tortuoso, que me afasta de ti.

Não sou nada na falta do teu abrigo, dos teus lábios úmidos,

convidando-me ao deleite dessa noite escura,

acariciando-nos entre lençóis brancos,

na alvura desse corpo indecoroso, desprovidos de pudores.

Olho-te na foto deixada nessa sala, entre idas e vindas,

pensando novas audácias, reinventando entre paredes,

novos refúgios, numa profunda melancolia, entre medos,

reinventando estórias imprudentes, provocando meus sentidos…

Perdoe-me tantos medos e desejos, nesses sonhos misteriosos,

ecoando nessa música triste, torturando-me constantemente.

… e assim passam os tempos nessa tarde fútil, nessa perplexidade.

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