Abrigo

É como se você penetrasse, indecisa,

desconfiada pela porta dessa casa,

uma porta entreaberta de uma casa qualquer,

abrigando seu corpo do vento persistente, frio,

nesse inverno da sua solidão, entre arrepios…

É como se você viesse decidida, nessa silhueta leve,

incrédula, muda e percebesse o vazio persistente,

o abismo, em cada canto dessa decisão desmesurada,

imprudente, entre olhares indecisos, nesse corpo febril.

É como se não houvesse mais nada, desencadeando cumplicidade,

perante nosso silencio, além de incertezas, impondo mais nostalgia.

Havia muito mais que afago,

havia promessas sucumbidas nessa realidade,

na impossibilidade concreta desses amantes.

Não era sonho o que se fundia, nesta tarde de desencontros.

Era angústia provinda desse entrelaçamento de desejos.

Era paixão em desalento, entre ardores dessa boca afogueada.

Era satisfação compensada, na cama macia, nessa letargia, entre segredos.

JTNery

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